terça-feira, fevereiro 06, 2007

Electrocussões Tecnológicas



Para os mais atentos este já não é um assunto novo por estes lados, mas decidi voltar hoje a ele porque realmente há coisas que me continuam a surpreender a todos os níveis.

Sócrates, (o nosso primeiro, não o filósofo, que isto é um Blog com alguma classe mas nem tanto) elegeu como prioridade para este seu mandato à frente dos (tristes) destinos da nação (é de propósito o minúsculo) algo que apelidou (com toda a pompa e circunstância) de “Choque Tecnológico” – a revolução na aplicação das novas tecnologias da informação ao serviço de quem? De quem? De nós (a “Tugalhada”)…

Pena é que não tenha tido em conta que estamos em PORTUGAL, Ok, sei que ainda fica no hemisfério norte, mas pouco, muito pouco… diria até que está no Hemisfério Norte mas perdido (se ao menos tivesse um astrolábio… ou soubesse usá-lo…)… adiante, dizia eu que estamos em Portugal, e Portugal não é a Suécia, não é a Noruega, não é a Dinamarca, certo? Estamos entendidos? Então façam o favor de explicar isso ao nosso primeiro-ministro porque ele também anda meio perdido e ora pensa que está em Africa, ora pensa que está nalgum país nórdico…

Teria toda a lógica implementar um “Choque Tecnológico” em larga escala num país com uma cultura tecnológica minimamente desenvolvida e onde as pessoas tivessem ou pelo menos aparentassem um mínimo de abertura para tal… mas, meus amigos, estamos em Portugal, e Portugal não é sequer Lisboa ou Porto e mesmo aí é vê-los a “caírem que nem tordos” nas armadilhas da tecnologia avançadíssima que nós temos…

Mas e perguntam vocês, porque raio me fui eu lembrar disto agora… Simples, serviços públicos é a resposta… e um dia inteiro dentro de repartições públicas dá muito o que pensar e em que pensar… oh se dá!

Dividi este pensamento em pequenos pontos para que não se cansem muito que isto ao fim de um dia de trabalho custa, eu sei…

Ponto 1 – Como é que vamos implementar uma cultura tecnológica num país onde a maior parte das pessoas não sabe, não lê ou não interpreta um simples letreiro na parede ou numa porta, uma seta ou um número?

Ponto 2 – Para quê sofisticados painéis electrónicos de gestão de senhas de atendimento se as pessoas não os sabem interpretar e pior, não sabem sequer lidar com a máquina expedidora de senhas numeradas?

Ponto 3 – Sei que a maquineta é “algo” avançada para a mentalidade "Tuga", mas muitos de nós já achamos que ela fala… e então, toca de falar com ela… a ver se ela é simpática e nos dá a tão desejada senha…

Ponto 4 – A tecnologia é “estúpida” e não reflecte a nossa mentalidade, logo, não entende que não pode dar às 10:00, tempo previsto para atendimento 1:30, porque como todos sabemos, essa é a hora do chá, café ou laranjada, que demora no mínimo uns bons 45 a 50 minutos…
Logo, concluo que a tecnologia está completamente desfasada da realidade, ou pelo menos da nossa, e o melhor é fazer uma filinha por ordem de chegada como “antigamente” e esperar que alguém nos roube subtilmente o lugar para “armarmos o barraco”… Isso sim… faz parte da cultura nacional.

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