Caros amigos, não resisti, confesso que bem tentei manter o nível deste Blog um pouco acima da nulidade, mas a verdade é que há coisas que me tiram do sério e sobre as quais tenho que "desabafar".
A noticia que se segue não é minha, mas do Jornal Público em 16/01/2007 e reza o seguinte:
Governo propõe ideia do professor único
"O Governo quer que os alunos até ao sexto ano tenham um único professor a leccionar as áreas básicas. A medida, avançada hoje pelo "Diário Económico", faz parte do novo regime de habilitações para a docência, aprovado recentemente pelo Conselho de Ministros, diz o económico.
O que o executivo de Sócrates quer introduzir é a figura do “professor-tutor”, que terá capacidade para leccionar português, matemática, ciências da natureza, história, geografia e expressões, com o apoio de outros docentes especializados. Segundo Valter Lemos, secretário de Estado da Educação, o que se quer evitar é que, do quarto para o quinto ano, os alunos passem de um professor para dez, amenizando a transição curricular das crianças, algo que tem sido uma das críticas mais frequentes feitas por outros sistemas educativos europeus ao sistema português. Os docentes polivalentes terão de ter uma qualificação extra, com um mestrado em ensino. O novo diploma que regula as habilitações para a docência está agora na Presidência da República onde aguarda promulgação."
Posto isto, confesso que não sei bem o que dizer, sinto-me... digamos "Aparvalhado" com tanta asneira junta... mas, e ainda a digerir o assunto, tentarei fazer uma breve análise.
1 - Se os coitadinhos do alunos passam de 1 professor para 10, isso já acontece à quê umas largas décadas no nosso sistema de ensino e sempre funcionou sem problemas;
2 - O nosso actual sistema já permite essa redução do número de professores, havendo nas escolas, no 2º ciclo do ensino básico (5º e 6º anos) correntemente, turmas que têm o mesmo professor às disciplinas de História e Geografia de Portugal, Lingua Portuguesa e Inglês, de acordo com as habilitações do docente (coisa que em termos práticos nas escolas já vimos não funcionar muito bem... mas isso são contas de outro rosário).
De igual modo, existem turmas que também têm o mesmo professor às disciplinas de Matemática e Ciências da Natureza, uma vez que a qualificação destes docentes para este nivel de ensino assim obriga a esta bivalência;
3 - Tendo em conta o exposto anteriormente, cabe-me afirmar que as turmas só passam de 1 para 10 professores devido à má organização do Governo e, no caso, do Ministério de Educação que não confere estabilidade aos professores nas escolas para que estas possam contar com eles e possam distribuir os horários em função das valências de cada um (e não é preciso ser Prof. Dr. para perceber isso);
4 - Reportando-me à noticia e tendo em atenção o nosso sistema de ensino que prevê (ou assim o fez durante largas décadas) o abandono quase completo das "letras" a quem trabalha nas Ciências e das "matemáticas" a quem trabalha nas "letras" de forma a ESPECIALIZAR os nossos profissionais (professores ou não), gostaria de saber onde é o nosso maravilhoso governo pretende recrutar estes SUPER-PROFESSORES capazes de leccionar com profissionalismo e competência áreas tão distintas como a Matemática, a Língua Portuguesa, a Educação Musical ou a Educação Física?
Para mim é apenas mais uma medida ridícula e que tem por objectivo ridicularizar o papel dos professores e tornar a escola cada vez mais num local onde se entretem os alunos com qualquer coisita e não se ensina realmente coisa alguma...
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