Sobre o F.C. Porto vs Schalke 04 de ontem à noite o jornalista... ou melhor dizendo... o escritor Filipe Caetano dissertou da forma que em seguida exponho:
“Épico este Porto, só parado por um gigante que entra para a galeria dos malditos do futebol português. Manuel Neuer, um guarda-redes em ascensão que defendeu duas grandes penalidades depois de ter sido um milagreiro ao longo do jogo.
A equipa de Jesualdo Ferreira sai de cena, deixando os jogadores portistas num pranto.
Treze anos depois de ter perdido no Estádio das Antas com a Sampdoria também nos penalties (Taça das Taças), o F.C. Porto volta a não conseguir suplantar essa vertigem. Se em 95 foi Latapay a falhar o remate decisivo, numa noite gelada e molhada, desta vez calhou a Lisandro vestir a pele de vilão. E logo ele, que tanto tinha feito para alimentar o sonho.
Ainda assim, os dragões foram gigantes, conseguiram suplantar a dificuldade de jogar quarenta minutos com dez elementos, num esforço que se tornou inglório.”
E continuou com orações de rara beleza que só a sua volumosa extensão me impedem de as transcrever na íntegra. De qualquer das formas... retiro para vosso inteiro deleite os trechos essenciais e que mais me marcaram.
Passo a citar:
“...o Porto viveu a tormenta, lutando com os seus próprios demónios, num exercício de auto-flagelação difícil de emular.”
“A maior ameaça, porém, foi crescendo às portas da baliza adversária, com um guardião imponente, de correntes ao peito e com todas as soluções para impedir a invasão do seu reino. Do primeiro ao 85º minuto, Neuer, o miúdo apanha bolas na final de Gelsenkirchen em 2004, pôde finalmente enfrentar o seu mestre com as melhores armas, num duelo que só poderia ser fatal.”
“...Tarik percebia que não valia de nada pedir a Alá uma ajudinha divina. Depois de ter visto Neuer parar um primeiro remate de Lisandro, surgiu na área isolado, recebeu o cruzamento perfeito de Bosingwa, mas cabeceou sem convicção para mais uma defesa do milagreiro guarda-redes alemão.”
“O sofrimento continuava, com Tarik a falhar novamente à boca da baliza, de cabeça, na conclusão de um livre estudado por Quaresma e Lucho.”
“Mas, antes do céu, viria o purgatório, com Fucile a carregar a nota negativa, no pior jogo com a camisola azul e branca. Entrou à bola a destempo e foi expulso. Só que o Porto nunca desiste e Lisandro viria a marcar o golo tão almejado, num remate fantástico, quando poucos já acreditariam ser possível. Uma nova possibilidade que se abriu, mas que não evitou a eliminação.”
E nem quando o tema é o arbitro da partida o discurso muda...
“Howard Webb não merecia estar neste jogo. Fraco, temerário, sem critério. Foram tantos os lances de dúvida, por isso ficam apenas dois exemplos: aos 64, Helton defende a bola fora da área, devia ter sido expulso; 80, Farias derrubado na área, grande penalidade ficou por assinalar.”
Por favor... este Senhor merece um NOBEL da Literatura... ele escreveu “Os Lusíadas” do Futebol mas numa versão sem final glorioso.
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